sábado, 29 de agosto de 2009

A lenda de Hilda de Terrastal



O Castelo de Bergeon (bergueon), situa-se nas Terras Altas de Briganthia (Brigantnia). Na casa de Bergeon as sete filhas reunem na mesa redonda para decidirem sobre o futuro dos filhos de Briganthia.




Hilda neta de Bergeon procura as 8 pedras do Tempo.


A lenda de Hilda transporta-nos para um passado distante, onde os factos hostóricos de uma determinada região nos vão ser apresentados de forma animada.


sábado, 22 de agosto de 2009

Cava de Viriato- a memória que se esqueceu -Viseu


A propósito da Cava de Viriato em Viseu

Muito se tem escrito a cerca desta construção e muitas teorias são expostas como sendo prováveis para a existência deste monumento, mas todas muito incipientes.
Todavia esquecem-se que o nome e a lenda têm algo de verdadeiro que muitas vezes reflecte crenças populares que passam oralmente de geração em geração.
Como dizia um grande sábio: “a verdade muitas vezes esconde-se à frente dos nossos olhos, mas teimamos em não vê-la.”
Dizem alguns historiadores que a construção seja um acampamento militar romano, outros que é uma construção muçulmana. Podemos perguntar qual das duas teorias é a mais verídica e disparatada. Nos países onde os romanos estiveram não existe nada semelhante, enquanto nos países muçulmanos também não temos nada idêntico, logo concluímos que não foram estas duas culturas que é construíram.
A arquitectura da cava de Viriato tem uma característica muito peculiar, obedecendo os vértices aos pontos cardiais e tem como forma geométrica um octógono construído em camadas de terra.
Construções semelhantes a esta existem na Irlanda (ditches enclosures) onde os romanos e os muçulmanos nunca estiveram. Muitas destas muralhas em forma geométrica têm características semelhantes à cava de Viriato, possuem um fosso e são construídas em terra.
Julga-se hoje através de investigações feitas, que é uma arquitectura votiva a ritual pré ou proto-histórico de recintos de fosso e lomba com finalidade geodésico. A sua configuração parece remeter para uma eventual orientação que regia radialmente uma eventual imposição de um octapolo. Julga-se que tal uniformização possuía um valor de medida calandarial ou cálculos calandariais regidos pela orientação dos astros em determinada época do ano. Ora para os povos pré-romanos o fenómeno do equinócio obedecia a um conceito matemático o qual estudava os movimentos impressos no eixo da rotação da Terra pela Lua e o Sol. A orientação da luz do sol que se ergue a leste dá-nos um ponto cardeal com o seu próprio raio energético. O conjunto destes raios convergem para um ponto central, ponto no qual o eixo do mundo, unindo o zénite e o nadir. É de salientar que este esquema geométrico do símbolo do Cosmos e de Terra está presente o número 8, símbolo que representa o infinito matemático (8), representado na cruz octogonal celta e dos templários.
Este enigmático monumento transporta-nos para um campo ainda mais vasto: os inúmeros conjuntos de construções castrejas que rodeiam a cidade de Viseu ajudam-nos a perceber que, os povos pré-romanos eram fortemente celtizados, deixando na região uma identidade própria de indícios que merecem ser mais aprofundados e estudados.

Esta questão transporta-nos para o celtismo e a presença deste nesta região.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Os celtas e as nossas raizes





O Celtismo


A questão do celtismo não mereceu em Portugal a atenção que lhe foi dada, por exemplo, na Galiza. Efectivamente, a presença céltica é certa, e encontra-se documentada através de Geógrafos Gregos e, em especial, por Estrabão – que nomeia os keltoi ou célticos estabelecidos no Alto Alentejo. Hoje em dia, porérm, a questão de celtismo não se coloca com a acuidade que se colocava na viragem do século XIX para o XX e durante os primeiros anos do século passado, o celtismo corresponde a um «pacote» cultural e tecnológico com as suas fases ou «vagas» bem definidas, entre o período Halstatt e o período La Téne sem que tais«vagas» correspondam as migrações em massa de povos celtas. Que os celtas se expandiram gradualmente por toda a Europa a partir do século VI a.C, segundo referencia de Heródoto.
Mas os Celtas por sua vez, deixaram de corresponder a uma etnia – outrora uma «raça» - para serem vistos como um mosaico de povos de origens diversas e eivados de regionalismo bem vincados, adoptando, isso sim, um «pacote» cultural celta ou centro-Europeu da 1ª e da 2ª Idade do Ferro, perdendo relevância as análises que dão desta civilização pancéltica. No caso Português a questão foi atenuada por diversas circunstâncias: a forte latinização dos povos pré-romanos após a romanização, a carência de fontes místicas «directas» ou étnicas célticas (como as que ainda se encontram na Irlanda, Gales, Escócia, Inglaterra, Bretanha, e sul de França, e mesmo estando Germanizadas ou Romanizadas); o debate em torno da origem dos Lusitanos, entidade étnica que recua a tempos pré-célticos e que, segundo alguns, teriam uma filiação na etnia lígure; a indo-europeização antiga do próprios Lusitanos, que remontara à Idade do Bronze, sem que tal significasse a adopção de uma língua céltica completa; aspectos de antropologia física que, na sequência de análises rácicas, atribuíram aos Portugueses um forte esteio ibérico, embora, ultimamente através de estudos genéticos atribui-se aos portugueses uma forte componente genética do modal atlântico, diferenciando-se desta forma dos outros povos mediterrânicos e assemelhando-se desta forma a todos os povos atlânticos caracterizados por serem povos celtas; e a inexistência de traços concretamente civilizacionais do «núcleo duro» da cultura céltica, designadamente no campo religioso, uma vez que os paganismos e panteísmos naturalistas se confundem e fazem parte de um substrato patente em quase todos os povos proto-históricos da Península Ibérica. Parece certo, porém, que o esquecimento da identidade celta se deu de forma a sobrepor uma outra identidade e uma outra face dos costumes dos Portugueses. Embora se saiba que no nosso território existem características culturais e folclóricas idênticas às dos povos ditos celtas. Se houve no passado uma influencia céltica que levou à criação da designação celtiberos, uma realidade bastante confinada quanto a nós à Meseta Castelhana e aos respectivos resultados da chamada «invasão» dos «povos dos campos de urnas», com reflexos nos Lusitanos seus vizinhos. Por sua vez, os temas e motivos ornamentais que supostamente foram sendo atribuídos aos Celtas (como os tríceles, as suásticas, os encordoados e os entrançados ou a estatuária dos guerreiros e dos Berrões) são relativamente frequentes, tendo uma origem autóctone – o caso óbvio da ourivesaria proto-histórica Portuguesa, independentemente dos traços celtismo constituído pelas viria ou pelos torques.
Mesmo assim, há a considerar uma influencia céltica por via de povos celtizados que foram penetrando no nosso território, designadamente os que entraram meridionalmente estabelecendo-se a sul do Sado e até à bacia do Guadiana e os que se terão misturado com os povos do Nor
oeste após uma expedição (juntamente com os Túrdulos) até ao Rio Lima.
Não sabemos também com rigor até que ponto é que os outros povos contemporâneos ou afrontados por celtas no nosso território (Cinetes ou Kunetes, Connii, Turdili) não corresponderam a etnias já celtizadas anteriormente. A história, pelo lado das etnias, será sempre difícil- se não mesmo impossível- de fazer. Para resumir razões constata-se que são assinaláveis os vestígios de toponímia celta em Portugal (os derivados de Alb, Ave, Arco, Arv, Brig, Camb, Lang, Viana, etc), entre os quais se contam também os sufixos em – briga, alguns etnónimos e hidrónimos, bem como nome de povoações ou lugares derivados de patrimónios. Mas as misturas e hibridizações entre nomes pré-celtas e celtas são frequentes, confirmando a influência celta em Portugal, associada a motivos da cultura material, especialmente relativa a instrumentos de guerra (escudos, as espadas e as falcatas) e alguns utensílios agrários como o carro ( uma palavra celta e um dos modelos do arado português. De algum modo, da mesma forma que podemos afirmar conjuntamente com os povos actuais da Europa Ocidental que «somos todos romanos» não é menos verdade que também «que somos todos celtas», no sentido em que as culturas actuais assentam igualmente nesse substrato de lenta sedimentação. Vale dizer que a questão do celtismo em Portugal contrasta com a Galiza, onde o estro nacionalista, ainda vivo, se socorreu desse passado – em grande medida mítico – para «inventar a tradição» e construir uma metaistória e um metafolclore fortemente celtizante.






bibliografia:Pedro Silva, História Mistica de Portugal, editora Saída de Emergência;




John Haywood forenword by Barry Cunliffe, The Historical Atlas of the Celtic World, Editora Thames x Hudson;




Teófilo Braga, Viriato " A Lusitânia é a mais poderosa nação da Hispânia", Ensaio sobre a Alma Portuguesa;




José Galambas, A Terra de Endovélico-O Deus dos Lusitanos, Zéfiro;




Paulo Alexandre Loução, Portugal-terra de Mistérios, Esquilo;




Fernando Barrejón, Viriato - O colar dos Deuses- Romance Hisórico, Esquilo.