sábado, 22 de agosto de 2009

Cava de Viriato- a memória que se esqueceu -Viseu


A propósito da Cava de Viriato em Viseu

Muito se tem escrito a cerca desta construção e muitas teorias são expostas como sendo prováveis para a existência deste monumento, mas todas muito incipientes.
Todavia esquecem-se que o nome e a lenda têm algo de verdadeiro que muitas vezes reflecte crenças populares que passam oralmente de geração em geração.
Como dizia um grande sábio: “a verdade muitas vezes esconde-se à frente dos nossos olhos, mas teimamos em não vê-la.”
Dizem alguns historiadores que a construção seja um acampamento militar romano, outros que é uma construção muçulmana. Podemos perguntar qual das duas teorias é a mais verídica e disparatada. Nos países onde os romanos estiveram não existe nada semelhante, enquanto nos países muçulmanos também não temos nada idêntico, logo concluímos que não foram estas duas culturas que é construíram.
A arquitectura da cava de Viriato tem uma característica muito peculiar, obedecendo os vértices aos pontos cardiais e tem como forma geométrica um octógono construído em camadas de terra.
Construções semelhantes a esta existem na Irlanda (ditches enclosures) onde os romanos e os muçulmanos nunca estiveram. Muitas destas muralhas em forma geométrica têm características semelhantes à cava de Viriato, possuem um fosso e são construídas em terra.
Julga-se hoje através de investigações feitas, que é uma arquitectura votiva a ritual pré ou proto-histórico de recintos de fosso e lomba com finalidade geodésico. A sua configuração parece remeter para uma eventual orientação que regia radialmente uma eventual imposição de um octapolo. Julga-se que tal uniformização possuía um valor de medida calandarial ou cálculos calandariais regidos pela orientação dos astros em determinada época do ano. Ora para os povos pré-romanos o fenómeno do equinócio obedecia a um conceito matemático o qual estudava os movimentos impressos no eixo da rotação da Terra pela Lua e o Sol. A orientação da luz do sol que se ergue a leste dá-nos um ponto cardeal com o seu próprio raio energético. O conjunto destes raios convergem para um ponto central, ponto no qual o eixo do mundo, unindo o zénite e o nadir. É de salientar que este esquema geométrico do símbolo do Cosmos e de Terra está presente o número 8, símbolo que representa o infinito matemático (8), representado na cruz octogonal celta e dos templários.
Este enigmático monumento transporta-nos para um campo ainda mais vasto: os inúmeros conjuntos de construções castrejas que rodeiam a cidade de Viseu ajudam-nos a perceber que, os povos pré-romanos eram fortemente celtizados, deixando na região uma identidade própria de indícios que merecem ser mais aprofundados e estudados.

Esta questão transporta-nos para o celtismo e a presença deste nesta região.

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